A nova abordagem quanto a como gastamos o nosso dinheiro nos dias de hoje envolvem a preocupação em como os nossos hábitos de consumo afetam o mundo. Consumo consciente é um movimento social baseado no aumento da consciencialização do impacto das decisões de compra tanto a nível ambiental, como social e económico. É também uma forma do consumidor diminuir a sua vulnerabilidade aos efeitos dos média e da publicidade.
O ser humano consome mais do dobro do que consumia há 50 anos.
E isto não indica que estejam a ser satisfeitas mais
necessidades, pelo contrário, é cada vez mais
discrepante a distribuição de riqueza no mundo.
Nas últimas décadas temos vindo a assistir a uma explosão dos níveis de consumo nos países mais desenvolvidos, tendo como resultado a crescente degradação do estado ambiental do planeta, nomeadamente através do esgotamento dos recursos naturais, poluição dos solos, água e ar, perda de biodiversidade, aquecimento global, entre outras consequências.
É muito fácil acumular coisas, mesmo com pouco dinheiro. O que é pouco questionado é a utilidade e necessidade que existe em adquirir estas coisas.
Adquirir luxos é mais barato do que adquirir necessidades básicas.
A venda de produtos mais sustentáveis e a procura por lojas alternativas às grandes superfícies tem vindo a aumentar. O que demonstra que o consumidor está mais consciente daquilo que consume e da forma como gasta o seu dinheiro. Isto porque o consumidor tem um papel fundamental na forma como o capitalismo funciona, olhando de relance dizemos que o capitalismo controla os nossos comportamentos, tais como a rotina de compra ou considerar um centro comercial zona de passeio e lá se compra qualquer “coisita”. Mas na verdade, se olharmos com maior afinco, percebemos que as escolhas feitas por cada um de nós têm um poder imenso.
Quando escolhemos dar, ou não dar, o nosso dinheiro por determinado produto estamos a dar sinal à marca se queremos ou não que esse produto continue a existir. Pois nenhuma marca irá continuar a produção massiva de um produto com pouca procura. Por isso, o nosso dinheiro pode servir como um voto pela sustentabilidade se escolhermos produtos fabricados com maior consciência e/ou marcas com valores éticos responsáveis.
Quando aumentamos a nossa educação quanto ao consumo consciente, percebemos que os preços mais baratos são raramente justos. Muitos de nós apoiamos financeiramente marcas e empresas que não cumprem necessariamente com os nossos ideais sociais, éticos e filosóficos.
A atual cultura do consumismo, assente no estímulo do desejo pelo consumo, na valorização do que é novo e no descarte irrefletido dos bens usados, exerce uma pressão cada vez maior sobre o planeta. Temos de aprender a reduzir a nossa vulnerabilidade ao consumo. Compreender o que desperta em nós a vontade de ter certo produto, e isto pode ser uma questão extremamente pessoal, visto que somos todos diferentes, com gostos diferentes e estilos de vida diferentes. Na realidade, grande parte dos produtos que utilizamos diariamente tem um impacto ambiental significativo, quer devido aos materiais e energia necessários para os produzir, quer pelos resíduos gerados durante a sua produção e quando se tornam obsoletos.
Consumir de forma sustentável significa consumir menos e melhor, tendo consciência do impacto ambiental que cada decisão de compra pode ter. Desde cortar o consumo de carnes vermelhas até ao upcycling de roupa, o consumo consciente está a crescer e está a causar muitas implicações em diversos setores de mercado. A pessoa que faz a maior diferença é aquela que faz pequenas ações conscientes. E felizmente há cada vez mais oferta de produtos produzidos de forma consciente. O produto mais sustentável é aquele que já temos.
Por isso, a regra número 1 é parar de comprar.
Mas claro que temos que continuar a adquirir os bens essenciais e claro, alguns luxos que façam sentido para o nosso estilo de vida e que contribuam para a nossa identidade.
O que fazer no dia-a-dia?
Ao fazermos uma compra, questionarmo-nos:
ESTE PRODUTO É PRODUZIDO SEGUNDO OS MEUS VALORES?
ESTOU A APOIAR A ECONOMIA LOCAL?
AS PESSOAS QUE PRODUZEM ESTE PRODUTO
SÃO TRATADAS E PAGAS DE FORMA JUSTA?
ESTE PRODUTO ESTÁ FEITO PARA DURAR?
Para respondermos a estas perguntas temos algumas hipóteses, conhecermos as marcas que apoiamos e ter noção das suas políticas de trabalho, dos materiais utilizados e da forma como são produzidos, etc. Ou podemos apoiar-nos em certificados, que não são totalmente fiáveis, mas fazem parte da pouca informação que podemos recolher, por isso são recomendados.
Outras formas de nos tornarmos
consumidores mais conscientes:
- Planear as compras e fazer orçamentos para diferentes áreas de necessidades.
- Experimentar o minimalismo. Começando por áreas que não se dá tanto valor.
- Comprar em segunda mão.
- Consumir produtos locais, orgânicos, sazonais, desembalados.
- Comprar qualidade.
- Não comprar produtos contrafeitos.
- Conhecer as marcas onde consumimos mais.
- Aprender a reutilizar.
- Conhecer a nossa pegada ecológica.
Consumo Consciente
O que é e como aplicá-lo no dia-a-dia.
Por Filipa Sousa | 14ºC